Tag Archives: tempo

Ainda dá tempo

São José do Rio Preto, 29 de outubro de 2006

 

Fabiano Ferreira

Final de ano é sempre igual. Nesta época do ano, as pessoas ficam com o estresse a mil, preocupadas com a chegada das festas, cansadas com o acúmulo de trabalho e com a sensação de que o ano está acabando e os projetos programados estão longe de serem concluídos. Se você se enquadra nesta situação, a melhor coisa que tem a fazer é ter calma. Aproveite hoje para revisar seus propósitos, analisar o que ainda pode ser realizado e, o principal, programe-se para alivar o estresse, pois, caso contrário, entrará 2007 mais conturbado do que já está.

O valor do presente
A psicoterapeuta comportamental neurolingüista Marcelle Vecchi, de Rio Preto, recomenda que devemos começar a pensar no presente ao invés de estarmos sempre com nossa atenção no futuro, no que ainda não chegou. “Esse é o maior fator causador da ansiedade, mal que atinge a maioria. Deixamos de aproveitar as coisas boas de hoje nos preocupando com coisas que não sabemos como vão ser”, diz. Para ela, o o melhor momento de se praticar um hobby é quando não estamos com tempo para nada. O lazer foi feito para amenizar o estresse do dia-a-dia, pois nos faz pensar melhor, com mais eficiência. Quando estamos estressados ou ansiosos ficamos “andando em círculos”, sem resultados ou produtividade e não há rendimento algum.

Então o que fazer para ainda colocar em prática projetos que parecem emperrados? Segundo Marcelle, projetos que não saíram do papel provavelmente tiveram falhas em sua formulação, o que atrapalhou a geração de auto-motivação necessária à sua conclusão. “Muitas pessoas criam projetos que são importantes para os outros e não para elas mesmas”, observa a terapeuta. Ela diz que é muito mais produtivo formular projetos sobre o que você quer do que não quer. Mas, infelizmente pensamos mais no que não queremos Faça um teste : escreva uma lista do que não quer e outra do que quer. Responda: qual foi mais fácil de escrever ? Outro aspecto importante é traçar seus projetos não se exigindo nem demais nem de menos. É preciso encontrar seu meio-termo. Dessa forma evitará tanto as frustrações quanto o comodismo.

Se houver projetos ainda não realizados, redefina as datas para a conclusão deles, mas antes disso analise:

:: Esse projeto é algo que você quer ou algo que quer só para agradar aos outros?

:: O projeto é algo que mexe com seu coração ou é algo que tanto faz?

:: Não se esqueça que para conseguir algo, necessariamente, precisará abrir mão de algumas coisas. Você está disposto a isso?

:: Você formulou esse projeto baseado no que quer ou no que não quer?

Como se programar
Muita gente tem agenda,mas não sabe como usá-la. Só se deve colocar na agenda a quantidade de atividades que sabemos dar conta de cumprir. “Após ter selecionado as atividades do dia você deve se limitar e só fazer o que programou, não encaixando nada mais no dia. Se sobrar tempo livre, relaxe, aproveite o dia de alguma forma e lembre-se que tem direito a ter prazer. Em geral, quando pensa no conjunto de afazeres de final de ano as pessoas ficam extremamente preocupadas e estressadas. No entanto, se dividem esse conjunto em partes e vão cumprindo as etapas aos poucos, tudo fica mais fácil, sem estresse ou ansiedade.

Xô desânimo!
Para fechar 2006 mais satisfeito com as próprias realizações é preciso, em primeiro lugar, não deixar o desânimo tomar conta. Liste todas suas conquistas deste ano, das pequenas às médias e grandes. Elas podem ser: consegui organizar melhor minha casa; consegui comprar uma calça um número menor; consegui fazer uma viagem que há tempo venho planejando; recebi um elogio de meu chefe, e por aí afora. “Dessa forma você perceberá que está andando para a frente e não está parado como acreditava. Orgulhe-se de tudo que conseguiu e lembre-se que o excesso de auto-cobrança sempre nos leva à baixa auto-estima”, diz Marcelle Vecchi.

Ter um foco é fundamental para fechar metas de 2006
Planejamento, foco e determinação. Este é o tripé de ações para quem quer aproveitar os dois últimos meses do ano para colocar seus projetos em prática e começar 2007 mais aliviado. A consultora em desenvolvimento humano Eliana Barbosa, autora dos livros “Acordando para a vida – Lições para sua transformação interior” e “O enigma da bota – Enfrentando a sucessão empresarial com equilíbrio e sabedoria” (Novo Século Editora), dá algumas dicas de como aproveitar mais esta etapa final de 2006, vivendo com mais qualidade e espantando o estresse comum nesta época do ano:

Diário da Região – Faltam dois meses e três dias para acabar o ano e muitas pessoas estão extremamente estressadas. O que fazer para aliviar as pressões de final de ano, no trabalho, nos estudos e na vida afetiva, e viver com mais qualidade até a chegada de 2007?
Eliana Barbosa – O estresse de final de ano é realmente muito comum, principalmente em pessoas ansiosas e preocupadas, e naquelas indisciplinadas em relação ao gerenciamento de seu tempo. Quando “acordam”, percebem que o ano já está no final e que deixaram de realizar muitas metas programadas, por falta de um planejamento mais detalhado. O final de ano representa a hora do acerto consigo mesmo. Se a pessoa é muito perfeccionista, instala-se nela a culpa por não realizar tudo o que queria e ela se estressa por entender que não tem controle de tudo. Outro fator agravante do estresse de final de ano são as reuniões familiares, que para certas pessoas são aguardadas com muita apreensão e até irritação, em casos de famílias com problemas de relacionamento. O que também estressa muito as pessoas, a meu ver, é a pressão do consumismo, dos presentes a comprar, e a necessidade de economizar nesta época para se preparar para os impostos do começo do novo ano. Tudo isso é muito estressante, principalmente para as pessoas inseguras e negativas. O que fazer então? O primeiro passo é tomar consciência das pressões que lhe causam tanto estresse e dedicar-se a aliviar a tensão com mais otimismo, calma e autocontrole. Esta é a época do ano que mais nos cobra equilíbrio das emoções, para fazermos um levantamento do ano que passou, dos acertos e dos erros e do que precisamos mudar para que as metas não atingidas possam ser viáveis no novo ano. Flexibilidade é fundamental neste processo.

Diário – O que fazer para ainda colocar em prática projetos que haviam sido planejados no início do ano, mas que não saíram do papel?
Eliana – Muitos projetos que temos não saem do papel porque somos especialistas no ato da procrastinação – deixar tudo para a última hora, ou melhor, adiar o que tem de ser feito logo. Aí, vai chegando o final do ano e a frustração aparece, porque a pessoa percebe que muita coisa planejada não foi realizada. Ainda é tempo de implementar projetos que estão parados, desde que eles só dependam do seu foco e esforço. Mas o mais importante é não se esquecer daquilo que você programou e manter a sua mente focada naquilo que quer conseguir. Só que nada cai do céu. Temos de lembrar que o sucesso só vem antes do trabalho no dicionário. Nenhum projeto em nossa vida é viável se não houver esforço diário na sua realização. E lembre-se: tudo o que é feito na correria está fadado a erros e tropeços. Se o seu projeto ainda não está preparado para se tornar realidade, o melhor a fazer, sem culpa, é estender seu prazo e incluí-lo nas metas do novo ano.

Diário – Uma das dificuldades das pessoas é priorizar o que fazer nesta época do ano. Como podemos otimizar o tempo e focar no que é necessário?
Eliana – Sua grande prioridade, em qualquer época do ano, deve ser você mesmo! Priorize a sua qualidade de vida, o seu bem-estar, para não sofrer decepções mais tarde. Aprenda a dizer “não” para as pessoas e atividades que roubam o seu precioso tempo e não lhe trazem nenhum resultado. A melhor maneira de otimizar o seu tempo é separando as atividades a serem cumpridas de acordo com a sua importância e urgência. Para não se esquecer de nada, listas e mais listas! Todas as noites, ao deitar, revise em sua agenda as atividades realizadas e as não-realizadas e anote a agenda do dia seguinte, incluindo tudo o que ainda não pôde ser feito, mas que faz parte dos seus planos. Para o final do ano, a minha sugestão é que você primeiro coloque todas as suas contas em dia e planeje o que vai gastar com muito cuidado, porque presentear é muito bom, mas ficar com dívidas para o ano seguinte é extremamente desanimador e não compensa. Pense nisso! E se você tem ainda muitas atividades planejadas até o final do ano, procure usar a técnica do passo-a-passo: uma coisa de cada vez.

Diário – Como driblar o cansaço neste final do ano, quando estamos a praticamente dois meses de iniciar uma nova etapa?
Eliana – Se possível, relaxe um pouco e aprenda a delegar tarefas para aqueles que estão ao seu lado. Procure planejar alguns dias de descanso também, porque este é um planejamento que traz uma sensação de alegria e bem-estar antecipados. E não se deixe, jamais, levar pela onda do consumismo, porque você não precisa de presentes caros para agradar ninguém. Quem gosta de verdade de você, vai se sentir presenteado com a sua presença, com o seu telefonema ou com um simples cartão. A meu ver, o que mais nos estressa é a gente querer ser igual a todo mundo e termos a dificuldade de dizer “Não!” ou de dizer “Basta!” na hora certa.

Diário – Muitas pessoas já estão ansiosas com a chegada do próximo ano, ao mesmo tempo em que estão desanimadas por não ter conseguido atingir todos os objetivos que tinham. O que você tem a dizer a elas?
Eliana – O que digo é que sempre é tempo de se fazer algo melhor! Sempre é tempo de retomar um projeto e aproveitar as oportunidades que passam a todo instante. Projetos inacabados, por certo, todos temos. Cabe a você saber qual retomar primeiro, qual o mais importante hoje. Portanto, sem justificativas vãs, assuma o controle das suas metas e termine este ano, mas vivendo um dia depois do outro. Faça o melhor que puder hoje, agora, porque é de pequenos passos que se faz a caminhada para a vitória. Uma dica: tenha sempre suas metas por escrito em um papel, bem específicas e datadas e procure colocar este papel dentro da fronha de seu travesseiro: quando for dormir, vai sentir o papel sob sua cabeça e se lembrará de ler as metas e depois, guarde-as ao lado de sua cama. No dia seguinte, ao arrumar sua cama, leia-as novamente e guarde-as com o seu travesseiro. Esta é uma técnica infalível para você estar sempre sintonizado com os seus projetos. E que o seu projeto maior de vida baseie-se no princípio da melhora contínua: “Hoje serei melhor do que ontem e amanhã serei melhor do que hoje”.


Para refletir:

Tempo de Viver
Eliana Barbosa

Por mais que algumas pessoas tentem se mostrar superiores às outras, há alguns aspectos da vida humana que fazem todos serem iguais. Todos vêm ao mundo despidos, todos têm a certeza da morte e todos têm 24 horas a cada dia para serem melhores. Tempo… sim, o tempo é uma riqueza que iguala as pessoas… Quando o dia amanhece, seja você um alto executivo ou um humilde operário, todos nós temos o mesmo tempo que passa e não volta mais. São 1440 minutos por dia para você escolher quem você quer ser, para você decidir se vai dirigir sua vida ou se vai aceitar que o manipulem mais uma vez!
É muito tempo por dia para você desperdiçar com lamúrias e recordações do passado ou com medo do futuro e ansiedades desnecessárias. Falta a você, muitas vezes, a noção de que você é dono das suas horas e depois do tempo perdido, não adianta se lamentar. Reflita comigo: será que você é daquelas pessoas que deixam de aproveitar o seu presente, guardando-o para o futuro? Vou explicar melhor: tem pessoas que acumulam muitos bens materiais e não os usufruem… preservando-os para o futuro. Mas que futuro é esse? Se o presente não é aproveitado, nem valorizado, não há futuro delineado. Um futuro brilhante é feito de uma sucessão de dias presentes bem vividos. Pare de se colocar “em conserva” e comece a observar as preciosas oportunidades que o presente lhe apresenta. Você é o que é agora, resultado do que foi ontem e prenúncio do que será amanhã. Mas agora, só existe o hoje para você viver.

Faça, então, que o seu hoje seja de prazer em estar com os outros, satisfação em ser generoso, felicidade por ter sobrevivido ao passado e alegria de viver. Para você, para mim e para o mundo inteiro, só importa o hoje, o presente que Deus nos oferece a cada amanhecer. Viva bem, porque tudo o que você terá no futuro depende de você agora! Jamais deixe para amanhã uma declaração de amor ou um pedido de perdão. Faça já o que tiver que ser feito – vencedores não adiam a própria vitória! Desfrute mais da sua família, do seu trabalho, dos presentes que você ganha, porque um dia, tudo isso será apenas… saudade! Conta uma história, de autor desconhecido, que “havia um menino que tinha adoração por patins. Era tudo o que ele queria na vida. Pediu, pediu, tanto fez que conseguiu. Ficou muito feliz com o par de patins, não desgrudava deles um minuto sequer. Só que no primeiro tombo, no primeiro arranhão, ele ficou com medo de estragar os patins e resolveu guardá-los. Os patins ainda eram a coisa de que ele mais gostava, mas ele preferiu apenas ficar olhando e não usar mais para não estragá-los. O tempo foi passando e os patins guardados… Passaram-se anos e o garoto acabou esquecendo-se deles. Então, certo dia, ele lembrou-se da sua infância, sentiu saudades dos seus patins e resolveu recuperar o tempo perdido. Foi até o armário, revirou tudo e finalmente encontrou os patins. Correu para calçá-los, porém… que terrível surpresa: os seus patins não cabiam mais nos seu pés. O jovem, acometido de profunda tristeza, chorou e lamentou os anos perdidos e que não seriam mais recuperados. Poderia sim comprar outro par de patins, mas, para ele, eles nunca seriam iguais àqueles.” É por isso que eu digo sempre: Acorde para a vida! Você só tem o hoje para viver. O ontem já se foi – é história – e o amanhã ainda não chegou – é uma simples suposição!

 

 

A Urgência de Viver

(Por Henry Sobel – pronunciamento do Rabino sobre a passagem do Yom Kipur – Dia do Perdão -, que antecede a entrada do Ano-Novo judaico – enviada em 1998)

“Todos os anos, nesta hora de Neilá, eu observo os seus rostos e vejo algo indefinível em suas expressões. Sei lá, um misto de tristeza… não sei se “tristeza” é a palavra certa, talvez “apreensão”. Antigamente, eu não entendia o porquê. Hoje, um pouco mais velho, um pouco mais maduro, um pouco mais vivido, um pouco mais sensível, acho que consigo compreender.

A matemática da vida não é simples. Cada soma é também uma subtração. Quando somamos mais um Yom Kipur àqueles que já vivemos, subtraímos um Yom Kipur daqueles que nos restam viver. Então, a felicidade de estarmos aqui hoje à noite vem acompanhada da melancólica percepção de que o tempo voa e a vida passa. Nesta hora de Neilá, talvez mais do que em qualquer outra, sentimos a urgência de viver.

Teddy Kollek, o dinâmico prefeito de Jerusalém, propõe em sua autobiografia um décimo primeiro mandamento: “Não serás paciente” À primeira vista, tal conselho parece ir contra uma das qualidades mais valorizadas pela humanidade – a paciência é uma virtude ! No entanto, ao refletirmos sobre as palavras de Kollek, percebemos que elas contêm uma grande sabedoria. A impaciência é necessária para remediar nossa tendência tão humana de protelar. Pois a verdade é que, em muitas áreas vitais da nossa existência, somos pacientes demais. Esperamos demais para fazer o que precisa ser feito, nem mundo que só nos dá um dia de cada vez, sem nenhuma garantia do amanhã.

Enquanto lamentamos que a vida é curta, agimos como se tivéssemos à nossa disposição um estoque inesgotável de tempo.

Esperamos demais para dizer as palavras de perdão que devem ser ditas, para pôr de lado os rancores que devem ser expulsos, para expressar gratidão, para dar ânimo, para oferecer consolo.

Esperamos demais para ser generosos, deixando que a demora diminua a alegria de dar espontaneamente.

Esperamos demais para ser pais de nossos filhos pequenos, esquecendo quão curto é o tempo em que eles são pequenos, quão depressa a vida os faz crescer e ir embora.

Esperamos demais para dar carinho aos nosso pais, irmãos e amigos. Quem sabe quão logo será tarde demais?

Esperamos demais para ler os livros, ouvir as músicas ver os quadros que estão esperando para alargar nossa mente, enriquecer nosso espírito e expandir nossa alma.

Esperamos demais para enunciar as preces que estão esperando para atravessar nossos lábios, para executar as tarefas que estão esperando para serem cumpridas, para demonstrar o amor que talvez não seja mais necessário amanhã.

Esperamos demais nos bastidores, quando a vida tem um papel para desempenharmos no palco.

Deus também está esperando – esperando nós pararmos de esperar. Esperando nós começarmos a fazer agora tudo aquilo para o qual este dia e esta vida nos foram dados.