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MODERNIDADE DIGITAL E REDES SOCIAIS

Entrevista com Eliana Barbosa- Psicoterapeuta e life coach, para a jornalista Kelly Lopes, para matéria publicada na edição de 16 de setembro de 2018 da FOLHA UNIVERSAL

Uma matéria sobre a modernidade digital e suas mudanças no cotidiano das pessoas, onde as coisas mais simples são registradas a todo tempo em fotos e vídeos nas redes sociais. 

Imagine uma pessoa que com muita frequência registra tudo o que faz e vive nas redes, mostra o que tem, consome e compra, revelando uma felicidade relacionada a tudo o que posta, como se a felicidade houvesse se tornado obrigatória. 

Vamos falar sobre as possíveis consequências dessas atitudes para quem as faz e para quem as acompanha.

ENTREVISTA

FOLHA UNIVERSAL: Algumas pessoas “vivem momentos”, apenas para tirar fotos, ou seja, não aproveitam, apenas registram. E depois que fazem seus posts esperam ser curtidas, vistas e comentadas, e se isso não acontece se frustram, ou seja, estão felizes à medida que estão sendo notadas. Em sua visão, isso é um distúrbio, revela alguma falta ou pode acarretar consequências na vida dessas pessoas?

ELIANA BARBOSA: A meu ver, este comportamento alimenta o narcisismo dessas pessoas, e é viciante. Os neurocientistas explicam que quando recebemos uma curtida, nosso cérebro gera uma descarga de dopamina, que é o mesmo neurotransmissor produzido quando fazemos sexo, ganhamos dinheiro ou comemos chocolate.

É verdade que receber um like ajuda a reforçar nossa autoestima, porém, o perigo é quando a pessoa passar a viver ansioso na expectativa de um feedback positivo, de um elogio, de uma curtida.

Dependendo da pessoa, esse vício pode levá-la ao transtorno de ansiedade e até ao estresse, bem como a episódios de tristeza e decepção,  se não recebe o reconhecimento que espera, nas redes sociais.

Este comportamento revela também uma carência afetiva, baixa autoestima, com a forte necessidade de ser vista, admirada e aprovada.

As consequências na vida desta pessoa, além dos transtornos decorrentes de qualquer vício, há também o afastamento da realidade e daqueles que realmente importam em sua vida, tornando-a uma alienada.

F.U.: Já para quem está do outro lado e acompanha essas postagens, acaba sentindo a necessidade de também postar, de mostrar que está bem, que consome, e que também é feliz. E muitas vezes deseja ser igual àquela outra que posta “um mundo feliz o tempo todo”, e acaba baseando sua vida na vida do outro. Como explicar essa relação da modernidade e quais consequências isso pode gerar para o outro lado (quem acompanha esses posts)?

E.B.: Essa modernidade pode gerar no público que acompanha estas postagens de “felicidade perene”, um sentimento de inadequação e inferioridade, além de uma ansiedade em basear sua vida naquilo que vê na vida do outro. De tanto ver a aprovação do outro, essa pessoa acaba se tornando um mendigo de likes, e, muitas vezes, nem percebe o ridículo a que se expõe, na tentativa de ser admirado.

Uma experiência pessoal: Em minhas redes sociais, lamento quando as minhas fotos que publico têm muito mais likes do que os artigos sérios que escrevo. As pessoas, hoje em dia, estão muito superficiais, e, pelo que parece, esperam a mesma superficialidade daqueles que seguem.

F.U.: A realidade, porém, pode ser bem diferente do que é postado, pois muitas pessoas maquiam uma realidade que não lhes pertence. Por vezes, atrás daquela pessoa feliz da foto existe alguém infeliz. Será que algumas pessoas postam uma vida que idealizam, mesmo que não seja a realidade delas?

E.B.: Eu acredito que a maioria das pessoas, principalmente aquelas que se expõem o tempo todo, está sim maquiando a própria realidade. Essa necessidade de serem admiradas – em tempo integral – as afasta de sua essência. E, nesse afã de serem cada vez mais aprovadas, enveredam pelo consumismo, gastando até mais do que podem, fugindo da própria realidade em que vivem.

Claro que há os blogueiros que, por força do trabalho que realizam, acabam expondo sua vida privada, mas imagino que isso, depois de certo tempo, deve ser angustiante para eles, porque a cobrança dos seguidores parece insaciável.

F.U.: A super exposição de alguns pode gerar insegurança em outros?  Pois acabam idealizando a vida do outro como uma vida perfeita onde as comparações são inevitáveis. Sintomas como: baixa autoestima, Irritabilidade, esgotamento mental e ansiedade podem estar relacionados?

E.B.: Sim, exatamente isso. A vontade de ser como o outro – que já demonstra uma autoestima fragilizada -, gera uma eterna insatisfação pela vida, irritabilidade, esgotamento mental e extrema ansiedade em querer ter o sucesso que vê no outro.

Aí, a pessoa para não ficar para trás, começa também a se expor, e a viver em função da aprovação dos outros, e, com o tempo, acaba precisando de uma ajuda profissional para entender e controlar este comportamento, e entender que o importante é agradar a si mesmo!

Acredito que nunca, em toda a história da Humanidade, as pessoas precisaram tanto de autocontrole quanto na atualidade – autocontrole no uso das tecnologias, das redes sociais, das próprias emoções -, e tratamento adequado para esta tão alta necessidade de ser amado, aceito e respeitado.

F.U.: Quais dicas para quem passa muito tempo nas redes sociais, ou para quem posta tudo o tempo todo?

E.B.: Embora sejam ótimas ferramentas para aumentar nosso círculo de amigos e manter os vínculos familiares e de amizade, as redes sociais, hoje, se tornaram motivo de preocupação dos profissionais do comportamento humano.

Segundo estudos recentes, é mais difícil resistir à tentação de acessar sites como Twitter, Facebook ou Instagram do que dizer ‘não’ ao cigarro e ao álcool. Estes mesmos estudos explicam que o motivo das pessoas se apegarem às redes sociais, em detrimento da convivência real com amigos é porque, na internet, elas podem parecer o que não são. Podem postar apenas aquilo que as fazem se sentir melhor, escondendo suas fraquezas.

Outro fator viciante é a curiosidade humana, a mania de querer saber tudo da vida do outro.

Além disso, como foi explicada acima, a possibilidade de ganhar a atenção das pessoas acaba viciando também.

Na verdade, o que vemos, é uma alienação, em que os indivíduos preferem passar horas e noites na internet do que aproveitando a companhia real dos familiares e amigos. O maior perigo é perderem as habilidades para o contato social, o olho no olho, a gentileza e a educação.

Diante disso, e com o intuito de ajudá-lo a não cair nessa armadilha, deixo aqui 3 dicas poderosas:

  • ORGANIZAÇÃO: Acorde com todos os seus afazeres do dia anotados em sua agenda e só utilize as redes sociais em horários previamente marcados por você. Seja disciplinado.
  • DESAPEGO: Durante as refeições e na hora de dormir, deixe seus aparelhos – smartphones, tablets, laptops, todos eles bem longe de você, dedicando aos seus familiares e amigos, sempre presentes em sua vida, a atenção que eles merecem ter.
  • DISCRIÇÃO: Cuidado ao postar nas redes sociais. Pare de se expor, de contar detalhes de sua vida, na ânsia de ser mais visto pelos outros. Embora rodeado de “amigos virtuais”, quando você precisar de apoio, quem poderá estar ao seu lado, em carne e osso, serão aqueles com quem você deveria conviver melhor, em seu dia a dia.

Guarde bem: Todo exagero é danoso à nossa vida! Pense nisso e cuide-se!

F.U.: Se quiser acrescentar algo que eu não pontuei nas perguntas, fique à vontade.

E.B.:  É importante abordar o seguinte: Um estudo feito na Universidade Livre de Berlim revelou que jovens viciados nas redes sociais podem ter menores notas escolares, redução da produtividade no trabalho e até mesmo depressão.

Para evitar o uso nocivo das redes sociais, os pais devem dosar o tempo que os jovens ficam em frente à tela e acompanhar o conteúdo das postagens.

O psicólogo Cristiano Nabuco, do Instituto de Psiquiatria da USP alega que o vício tecnológico já é uma epidemia. E explica que o jovem termina a maturação do cérebro após os 21 anos. Tudo o que diz respeito ao controle dos impulsos, ele não tem. Por isso, ele aconselha que os pais prestem atenção e acompanhem o jovem da mesma forma como fazem com qualquer outra atividade.

===========       Eliana Barbosa é life coach, psicoterapeuta, articulista de jornais e de revistas de circulação nacional e internacional, autora de vários livros no campo do autodesenvolvimento,  apresentadora de programas em TV e rádio, e ministra  palestras e cursos transformacionais no Brasil e nos Estados Unidos.

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VOCÊ TEM MEDO DE CASAR? Entrevista para Folha Universal

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ENTREVISTA COM ELIANA BARBOSA PARA MATÉRIA DA FOLHA UNIVERSAL, PUBLICADA EM FEVEREIRO DE 2018 (JORNALISTA JANAINA MEDEIROS) 

1 – Por que algumas pessoas têm medo de se casar ou de assumir um compromisso sério com alguém? (Mulheres e homens).

Esse receio de se casar ou assumir um compromisso mais sério com alguém pode ter várias causas, dentre elas as crenças limitantes em relação a casamento, geralmente originárias de algum trauma com o casamento dos pais, e também o medo de perder a liberdade, de ter que dar satisfação dos seus passos para outra pessoa, e até egoísmo mesmo, por não querer dividir sua vida com mais ninguém.

2 – Há casos em que existe uma fobia mesmo?

 Sim, existe aquele medo incontrolável e excessivo do casamento ou do compromisso, chamado de Gamofobia, geralmente decorrente de algum trauma, e causador de grande sofrimento emocional, devido às ideias pessimistas em relação à vida a dois, também por causa da estranheza desse medo e a culpa que pode gerar na pessoa que o tem.

3 – Por que muitas pessoas que se desiludem sentimentalmente pensam em viver por muito tempo sozinhas?

Talvez pela dor da experiência negativa que passaram, muitas pessoas optam por uma vida mais solitária, o que, a meu ver, não é ruim. Depois de uma decepção amorosa é sempre bom a pessoa tomar um tempo para resgatar o seu amor próprio, aprimorar sua autoestima e autoconfiança, para que possa, em um novo momento, atrair alguém também inteiro e descomplicado. O grande erro que vejo são pessoas que sofreram desilusão no amor procurar a cura em um novo relacionamento. Isso nunca dá certo, porque ninguém deve ser remédio para o outro, ou muleta para as deficiências emocionais do outro.  É preciso estar bem para atrair alguém com quem valha a pena compartilhar a própria vida.

 4 – Ultimamente, temos visto noticias de mulheres se casando consigo mesmas, mostrando que são bem mais realizadas solteiras. Os defensores do autocasamento dizem que isso se trata de amor próprio e aceitação individuais. Elas estão camuflando, mascarando uma situação, um bem-estar que não é verdadeiro? Comente sobre isso. 

Cada caso é um caso, é impossível julgar sem conhecer as pessoas. Pode ser que haja casos de mulheres que tomam essa atitude numa forma de demonstrar que estão bem resolvidas em relação à vida solitária, ou que usem esse ritual para marcarem uma nova etapa de suas vidas. Na verdade, mesmo sem ritual, todas as mulheres e os homens deveriam se lembrar de que o seu primeiro e maior amor precisa ser por eles mesmos, com autoaceitação e disposição para serem melhores, dia a dia. Só quem se ama e se respeita de verdade é capaz de atrair amor e respeito para uma vida a dois leve e tranquila.

 5 – Muitas pessoas tem uma ideia errada do casamento como instituição?

Acredito que sim, talvez pelas crenças (aquelas “verdades”) que os pais incutiram em suas cabeças, ao longo de sua criação.  Por exemplo: Muitos homens cresceram ouvindo que casamento é prisão, e as mulheres ouviam que casamento é sacrifício. Ter esse tipo de crença leva muita gente a temer ou mesmo correr do casamento.

 6 – Algumas pessoas tem uma experiência anterior ruim na vida amorosa e aí dizem: “antes só do que mal acompanhada”. Sabemos que se o relacionamento era muito mal, abusivo, lhe prejudicava, era melhor que tivesse terminado mesmo. Porém, porque a pessoa não pode pensar da seguinte forma: “antes bem acompanhado do que mal acompanhado” e, daí, lutar para ter um bom relacionamento?

Pois é, mas para conseguir atrair para sua vida alguém que seja um bom companheiro, a pessoa precisa primeiro se sentir a sua melhor companhia, estar bem com a sua própria presença. Os fracassos e decepções nas relações acontecem, de forma geral, justamente porque as pessoas colocam mais expectativas e amor nos parceiros do que em si mesmas, em primeiro lugar. 

7 –  O que a pessoa que já passou por uma desilusão amorosa pode fazer para não sentir “medo” de se casar ou de ter um compromisso sério?

O primeiro passo é resgatar sua autoestima, aprender a se valorizar e parar de mendigar o amor dos outros. Quando a pessoa estiver se sentindo bem com ela mesma, autoconfiante, todo o medo de se comprometer irá se desfazer, porque ela sabe que merece agora ser amada e respeitada da mesma forma como ela se ama e se respeita.

8 – Como a pessoa pode parar de alimentar esse medo?

Além de trabalhar o aprimoramento de sua autoestima, eu sempre aconselho que a pessoa pare de comentar suas mazelas no amor, as decepções pelas quais passou, e comece a observar, ao seu redor, quantas uniões são felizes e duradouras, e aprenda como se comportam esses parceiros. Outra dica é usar a gratidão por antecipação, repetindo pra si mesmo, dia e noite, noite e dia: “Sou feliz e grato pelo relacionamento maravilhoso que tenho, muito obrigado!” Esta é uma boa tática para colocar a Lei da Atração em ação.

(Eliana Barbosa é psicoterapeuta, life coach, escritora e palestrante no campo do autodesenvolvimento. Contato: elianabarbosa.com.br e eliana@elianabarbosa.com.br )

Link da matéria (resumida), no site da Folha Universal:  https://www.universal.org/noticias/voce-tem-medo-de-casar

E, abaixo, um vídeo que gravei para complementar essa matéria, apresentado na Realidade Aumentada, para os leitores do jornal:

 

 

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