TRANSTORNOS ALIMENTARES

Dias atrás, fui solicitada pela jornalista Kelly Lopes, da Folha Universal, para que escrevesse sobre os transtornos alimentares,  para uma matéria do jornal, referindo-se a um caso em que uma mãe, atriz de Hollywood,  influenciou negativamente a própria filha, também atriz, nestas questões de  autoimagem, alimentação, dieta e emagrecimento.

Então, compartilho aqui o artigo que escrevi e, logo após, a matéria publicada no jornal.

DE MÃE PARA FILHA

(Autoria de Eliana Barbosa*)

Em uma matéria publicada no site norte-americano Huffington Post, a atriz Jennette McCurdy, de 26 anos, revelou, de forma comovente, que sofre com anorexia desde os 11 anos de idade e atribuiu a doença às cobranças dos produtores de TV e da própria mãe para que ficasse magra.

Aos 21 anos de idade, a atriz começou a apresentar quadro de bulimia, que alternava com compulsão alimentar, e foram 13 anos vivendo essa “montanha russa emocional”, e os dois últimos anos em tratamento e recuperação.

O que mais toca em seu depoimento é a forma como sua mãe (que também havia passado por períodos de transtornos alimentares) a influenciou nesse processo: “Infelizmente, eu tinha uma companhia pronta para me ajudar com a anorexia crescente: a minha mãe! Eu me lembro do que sentia quando a minha mãe atacava o meu corpo, o meu peso e a minha dieta. Ela regularmente comparava o meu peso ao de outras meninas. Ela fazia porções de comida para mim, contava minhas calorias. Na época, ao invés de me incomodar com as sugestões, eu achava que ela estava me ajudando”.

Infelizmente, não são poucos os casos de complexos e neuroses que as pessoas carregam ao longo da vida e transferem, de forma consciente ou inconsciente, para seus filhos, através cobranças exageradas, críticas, comparações ou mesmo gerando culpas sem fundamento.

E o triste é que as crianças, com tais exemplos no lar, crescem inseguras de seu valor e aprendem a viver na base da comparação, o que pode se tornar um enorme problema, quando chegam à adolescência e à vida adulta.

O complexo em relação ao corpo muitas vezes é tão atuante na vida da pessoa que se torna uma obsessão, que hoje é conhecida por “dismorfofobia” ou “síndrome da distorção da imagem” – um transtorno psicológico caracterizado pela preocupação obsessiva com algum defeito inexistente ou mínimo na aparência física.

Casos muito sérios são relatados, principalmente de jovens meninas acometidas por anorexia e bulimia, que são transtornos alimentares ligados às distorções da autoimagem – elas olham-se no espelho e veem-se sempre acima de seu peso real. E  dar espaço para os complexos é abrir portas para as comparações que destroem a autoimagem de uma pessoa.

Quem é inseguro, com baixa autoestima e necessidade de aceitação social, se deixa levar por padrões de beleza, e precisa, na verdade, de um sério trabalho no resgate de sua autoestima.

Mães neuróticas com o peso corporal e a beleza física podem fazer um grande estrago na vida emocional de suas filhas, gerando, no futuro, consequências graves tanto para seu corpo quanto para sua alma, cheia de inseguranças, complexos, ressentimentos e culpas, com tendência depressiva e, em alguns casos, suicida também. Afinal, estes transtornos alimentares são formas inconscientes de autoextermínio.

Uma verdadeira devastação emocional!

Daí a importância de um apoio terapêutico para trabalhar esses sentimentos que intoxicam a vida dessas mulheres, e, em casos mais sérios e persistentes, é necessário associar o acompanhamento de um médico psiquiatra, que provavelmente irá recomendar medicamentos que são altamente eficazes para estes transtornos.

A nossa relação emocional com a comida se inicia com nosso nascimento, em que o bebê associa alimento com amor. E assim, todos crescemos usando a comida para celebrar momentos importantes, e o alimento como fonte de prazer, mas também de compensação em  situações de estresse, ansiedade, angústia e carência afetiva.

É interessante notar que as emoções negativas podem afetar o apetite de formas diferentes nas pessoas: umas se tornam compulsivas em relação à alimentação e outras perdem completamente a fome. E todo comportamento extremo precisa ser avaliado e tratado.

Somente equilibrando emoção e razão é possível controlar de forma saudável nosso apetite em qualquer circunstância de nossas vidas.

E em momentos de desequilíbrio na forma de se alimentar, é importante se perguntar: Afinal, como eu estou alimentando minha alma?

São poucos que compreendem que, além de todos os cuidados físicos, nossa saúde depende do bem estar dos nossos pensamentos, sentimentos e emoções, que determinam a qualidade da vida que teremos.

No caso de filhas que cresceram sofrendo a ditadura da beleza impostas por suas próprias mães ou familiares, e desenvolveram transtornos alimentares, a melhor forma de começar seu tratamento emocional, a meu ver,  é com técnicas de perdão e autoperdão. Precisam perdoar suas mães e se perdoarem, também, pela culpa que sentem ao ter ressentimento de suas próprias mães. O perdão será o verdadeiro alimento que todas elas precisam para curar suas vidas – o alimento da alma!

Eliana Barbosa é life coach, psicoterapeuta, articulista de jornais e de revistas de circulação nacional e internacional, autora de vários livros no campo do autodesenvolvimento,  apresentadora de programas em TV e rádio, e ministra  palestras e cursos transformacionais no Brasil e nos Estados Unidos. Contato: eliana@elianabarbosa.com.br ou WhatsApp: (34) 9 9972-4053

 

VEJA, ABAIXO, A MATÉRIA DA JORNALISTA KELLY LOPES, PUBLICADA NA FOLHA UNIVERSAL – ANO 27 – Nº 1406 – DE 24 A 30 DE MARÇO DE 2019 – TIRAGEM: 1.856.375 

CLIQUE AQUI OU NAS IMAGENS PARA LER A MATÉRIA NO SITE DO JORNAL

 

 

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado.